Mensagem de Natal do Arcebispo de Olinda e Recife


NATAL DO ANO CENTENÁRIO DA ARQUIDIOCESE

“Ó Deus onipotente,
agora que a nova luz do vosso Verbo Encarnado
invade o nosso coração,
fazei que manifestemos em ações
o que brilha pela fé em nossas mentes”.


Gostaria de iniciar esta mensagem natalina, neste ano em que celebramos o centenário de nossa Arquidiocese de Olinda e Recife e sua respectiva Província, elevando ao Pai essa prece da Missa da Aurora do Natal. Cada ano, recitando essa oração, nós pedimos o auxílio de Deus para que nos ajude a “manifestar em ações o que brilha pela fé em nossas mentes”.

Diante de cada etapa que se inicia, costumamos elaborar novos projetos. Se não o fazemos explicitamente, pelo menos interiormente nos propomos a caminhar em determinada direção. Agora que estamos na perspectiva de novo Natal e Ano Civil, com novas “utopias”, poderíamos aproveitar para avaliar as ações realizadas até então se corresponderam, de fato, ao que “brilha pela fé em nossas mentes”.

Todos nós somos motivados a nos realizar como pessoas humanas, independentemente da fé que professamos, na medida em que deixamos de lado as preocupações individualistas e nos abrimos para a transformadora força da unidade. Para nós, cristãos, esta experiência tem uma dimensão bem mais profunda, pois o meu semelhante, com quem procuro me unir, são os verdadeiros irmãos e irmãs em Cristo e, somente vendo-os assim, o meu gesto de amor se traduzirá em ações concretas que congregam e fortalecem.

NATAL é solenidade de paz e alegria! Um Deus que assume a condição humana para nos possibilitar assumir a condição divina. É mistério por demais grandioso para nossas limitadas inteligências. Somente a fé nos fará compreender um Deus apaixonado que insiste em aproximar-se da pobre criatura humana para lhe oferecer a chance de re-encontrá-lo.

No Natal, a cidade se enche de cores e luzes, para representar a Luz Verdadeira – Jesus Cristo, apontado pela estrela de Belém.

É SINAL DE LUZ a certeza de que Jesus caminha conosco e nos dá inteligência para compreender e viver sua mensagem. Ele nasce pobre entre os pobres para falar de um Reino que está à disposição dos pobres e pecadores. É SINAL DE TREVA tudo que impede a concretização desse Reino, especialmente a desigualdade reinante entre os filhos do mesmo Pai. “As desigualdades sociais aumentam como fruto da globalização do mercado, que concentra poder e riqueza, enquanto faz diminuir os postos de trabalho na indústria e no campo, degrada a natureza, causa desastres ecológicos e multiplica a cada dia o número de excluídos, condenando-os ao êxodo e ao exílio, à deterioração física e psíquica, inclusive à perda precoce da vida” (Doc. 69 da CNBB – nº 6). A concentração de rendas é geradora, não só da fome, mas, de outras violências. É um mal que contradiz o verdadeiro espírito natalino e inviabiliza a concretização do Reino de Deus.

Nada mais expressivo que a singela imagem do Menino Jesus para reanimar nossos sentimentos de esperança e nos recordar a beleza da vida, sobretudo quando estamos imbuídos de sentimentos de solidariedade. Vamos rejeitar toda tentação ao consumismo, sentimentalismo, individualismo e outros “ismos” que nos afastem do verdadeiro espírito da Festa e digamos a uma só voz: “Maranathá! Vem, Senhor Jesus! (Ap 22,20).

Feliz Natal (2010) e Ano Novo (2011), cheios de paz e esperança, com novo governo e novas perspectivas. Que estas sejam benéficas e, especialmente, voltadas para os mais pobres e humilhados.

Dom Antônio Fernando Saburido, OSB

Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife

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